Os MadMadMad passaram por Portugal para uma actuação no Courage Club, a Irreversível não podia deixar escapar a oportunidade de trocar umas ideias com uma das bandas mais empolgantes do momento e que mais tem despertado o interesse a esta casa.

Todo o set é como um acto de equilíbrio na corda bamba.
Irreversível – Antes de mais, obrigado pela vossa disponibilidade para esta entrevista… Como está a decorrer a apresentação ao vivo do “MORE MORE MORE“? Está a soar tão bem como soou em estúdio?… e há alguma evolução a acontecer nas músicas conforme as tocam ao vivo?
MadMadMad – Está a correr muito bem, obrigado! Houve definitivamente uma grande evolução nas músicas. Tocá-las ao vivo é muito diferente e mais desafiante do que no estúdio. Espectáculo após espectáculo conseguimos aperfeiçoar bastantes coisas, deixando apenas aquilo que nos faz – à plateia e a nós – sentir de certa forma várias emoções. Nós determinamos os momentos certos de tensão e libertação, e trabalhamos à volta disso para integrar e organizar as nossas músicas. É um processo constante, sempre em mudança. Todo o set é como um acto de equilíbrio na corda bamba. Estamos agora a começar a trabalhar em torno do nosso novo material, temos um EP a sair esta Primavera e um álbum a caminho para o Outono de 2023, o que nos deixa super empolgados.
Irreversível – Como é o vosso processo criativo e quais são as vossas fontes de inspiração?
MadMadMad – Qualquer coisa pode ser uma fonte de inspiração. A chave é permanecer de mente aberta, podemos até dizer disponível, a toda e qualquer pequena coisa que possa acender aquela luz. O nosso processo criativo é relativamente simples, provavelmente semelhante ao de muitas outras bandas. Começamos a riffar algo que nos soa bem, pode ser uma linha de baixo, um ruído, uma palavra, uma batida, qualquer coisa. Construímos à volta disso e trabalhamos um ambiente, som e estrutura gerais. E voilà. Nem sempre corre bem, mas maior parte das vezes funciona, tentamos não analisar em demasia. Se nos soa bem, é provável que o público vá sentir o mesmo. Também gostamos de nos manter alerta e de nos divertirmos com as ferramentas que temos à mão enquanto escrevemos música. Essa é também uma parte importante do processo, mantém-nos animados com o que fazemos e deixa muito espaço para o inesperado. Este elemento de surpresa, do imprevisível, do acidental, é essencial. Sentimo-lo verdadeiramente como se fosse o quarto elemento da banda.

Irreversível – Pessoalmente detesto rotular bandas, é quase sempre limitativo, mas por vezes é necessário fazê-lo. Se tivessem de explicar a alguém o tipo de som que fazem, como o descreveriam?
MadMadMad – Bem, é dançável e sombrio. Também é barulhento, mas contrastado. Muitos sintetizadores e sons digitais, mas sempre confortavelmente apoiados na bateria e baixo. Parece que o Post-disco-punk-electronic engloba a maior parte disto!
Irreversível – Parece estar a acontecer uma ligação especial com o público nos concertos em Portugal. É apenas impressão minha ou sentem o mesmo?
MadMadMad – Há definitivamente uma ligação especial com Portugal. Fizemos a nossa primeira digressão aqui, no meio da pandemia Covid no Inverno de 2021, que nos deixou memórias muito boas. Criámos grandes ligações humanas e artísticas, mas também percebemos o quão vibrante e criativa era a cena portuguesa, algo que pode ser facilmente ignorado por quem não visita o país. Um país tão inspirador e belo. Estamos sempre ansiosos por voltar e conhecer mais.
Irreversível – O que é irreversível?
MadMadMad – A música é definitivamente irreversível. Qualquer pessoa que tenha ouvido uma canção ou peça de música que tenha despertado algum tipo de reacção, uma resposta emocional, compreende a irreversibilidade de tal ligação. É uma viagem que perdurará à maioria das nossas experiências mais mundanas.

Agradecer à gig.ROCKS! por tornar esta entrevista possível e ao Courage Club pelas fotos.
Foto de capa © Laurent Vilarem
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