Jupiter é um projeto nascido no Porto, em 2021. Depois da edição de três singles, acompanhados de videoclipe, seguiu-se o EP “À Moda do Porto”.
Hoje lançam o mais recente tema “Discotasca“, novamente acompanhado por um videoclipe, e respondem a umas perguntas da Irreversível:
Chamem-nos o que quiserem, mas para nós será sempre Disco Punk… desculpa Disco Funk.
Jupiter
Irreversível – Olá Tiago e Ricardo, muito obrigado pela disponibilidade para esta conversa e parabéns pelo novo tema “Discotasca“, já tem rolado muito por aqui…! Qual o conceito ou ideia por detrás da construção de Jupiter?
Jupiter – Olá Francisco! Como é bom falar contigo, melhor era se estivéssemos sentados numa esplanada com uma fresca na mão, mas pronto assim também não é mau. Jupiter é o que há de mais verdadeiro nas nossas vidas… É sair à noite com os amigos, é pedir um Uber e apaixonares-te pelo condutor, ver o amanhecer na melhor companhia, é comer uns tremoços e pedir um fino porque é o mais barato que encontras nos cafés hoje em dia, é não atender as chamadas do senhorio durante meses porque sabes que ele te vai subir a renda, é saberes que o STOP é cultura, é sair de casa para ir para um grande Rock ‘n’ roll, é um beijo de um desconhecido, é ter calor no coração e viver num furacão. Jupiter é tudo isto, mas acima de tudo foi uma ideia engraçada que correu bem, nunca foi algo programado, e acima de tudo, não somos de todo uma banda que assenta na paródia. Eu e o Ricardo vivíamos juntos e, durante a pandemia, ele começou a compor, a brincar com alguns ritmos de funk na guitarra e nos teclados. Eu ouvi e escrevi uma letra e puff… não se fez chocapic, mas fez-se algo igualmente doce e, ao mesmo tempo, apimentado que é a “Mais que Fazer”, o nosso primeiro single. Tudo o que veio depois foi alimentado por toda gente que quis mais de nós.
Irreversível – Para quem vos conhece de Lyzzärd não deixa de ser uma enorme surpresa este projecto…
Jupiter – É uma vertente diferente, mas o rock é o mesmo (risos). Não quisemos fazer nada que fosse contra ou diferente daquilo que nós, eu e o Ricardo, somos. Seja em cima do palco ou em estúdio, ou quando vamos ao café, somos os mesmos. O que levamos para Lyzzärd é o mesmo que levamos para Jupiter.
Irreversível – Lançaram o EP “À moda do Porto” em 2022, agora em 2023 já lançaram o tema e videoclipe para “Diamante em bruto” e agora editam, com direito a mais um videoclipe, a nova música “Discotasca“. Estamos na antecâmara de um 1º Longa-Duração de Jupiter?
Jupiter – Neste momento a única longa duração que conhecemos é mesmo o “Festa é Festa“, que parece que não acaba. Para já não temos idealizado um álbum, talvez um EP e possivelmente lançar tudo em formato físico. Mas isto é uma incógnita porque não sabemos o dia de amanhã. Vai que até corre bem, fazemos 10 músicas e assinamos um contrato milionário com uma editora com direito a roteiro pelos restaurantes da lista do Isaltino Morais… pode ou não acontecer. Gostamos de acreditar que vai correr tudo pelo melhor, e enquanto tivermos o pessoal que nos apoia connosco, tudo é possível!
Irreversível – Os 2 novos temas de 2023 vieram acompanhados de videoclipe, sendo que no vosso portfólio já existiam os vídeos para “Fora d’Horas” ou “Mais Que Fazer“, onde se denota uma estética comum. Existe neste projecto uma aposta de associar a música com a imagem?
Jupiter – Francisco, nós gostamos é de aparecer. Estamos a fazer de tudo para um dia aparecermos numa “Caras” ou na “Sic Mulher”. A verdade é que gostamos que nos acompanhem na nossa jornada. Gostamos que vivam connosco, que sintam connosco, e certamente as vivências não serão assim tão diferentes. Tanto o vídeo como a fotografia são a nossa forma de nos mostrarmos a todos os que gostam da nossa música. Iremos sempre juntar a música com a imagem, porque faz todo o sentido, existirem juntas. O Tiago concluiu o curso de realização recentemente, o que acaba por nos facilitar imenso neste processo. Tudo isto ajuda a criar toda uma narrativa por trás da banda que só com a música seria insuficiente. As camisas acetinadas, as calças à boca de sino, o bom humor da letra e dos vídeos, tudo isso é um pacote muito mais completo que ajuda a transportar os ouvintes para o nosso mundo. Esta parte visual é conseguida graças ao styling da talentosa Inês Torcato, que transforma o mais feio Shrek na mais linda Fiona.
É mais um meio de comunicar, e nós falamos para c….
Se o nosso som fosse uma pessoa, seria a Teresa Guilherme… Muita diversão vem sempre acompanhada de muito drama.
Jupiter
Irreversível – Como é o vosso processo criativo para a criação das composições e qual a importância dos músicos que vos acompanham?
Jupiter – O processo criativo é exclusivamente meu e do Tiago. Normalmente começa com uma ideia geral, um loop, e a partir daí tudo se desenvolve. Tudo gravado e misturado por nós e depois masterizado pelo André Ribeiro, que é um verdadeiro santo. Um dia que tenhamos mais visibilidade, vamos organizar uma peregrinação ao Sto. André de Valongo. Ele ajuda-nos imenso na parte da mistura e é um profissional fenomenal, sigam o trabalho dele. No futuro, com o crescimento da banda, há intenção de tornar este processo mais colaborativo.
Os músicos que nos acompanham, o Pedro Cruz, Helena Figueiredo, Guilherme Lopes e Luís Ferreira, são pessoas importantíssimas para nós porque, para além de serem nossos amigos, são excelentes músicos e reforçam toda a nossa linguagem visual e musical nas atuações. Para além disto, acreditaram no projeto desde o primeiro dia. Tivemos também no nosso EP a honra de poder trabalhar com o André NO, um grande amigo, que nos compôs as baterias de 3 dos singles que lançamos. É fantástico poder trabalhar com pessoas tão talentosas como estas.
Irreversível – Quais são as vossas fontes de inspiração para Jupiter?
Jupiter – Acima de tudo as nossas vidas e experiências, mas também nos inspiramos muito na nossa geração e o que se passa à nossa volta. Todas as nossas músicas são sobre pessoas reais e histórias reais. Esse é o principal combustível que põe Jupiter a funcionar. Com a vantagem de que não fica mais caro todos os dias.
Irreversível – Pessoalmente detesto rotular artistas ou bandas, é quase sempre limitativo, mas por vezes é necessário fazê-lo. Se tivessem de explicar o tipo de som que fazem, como o descreveriam?
Jupiter – Se o nosso som fosse uma pessoa, seria a Teresa Guilherme… Muita diversão vem sempre acompanhada de muito drama. É muita pimenta e algum mel, é algodão-doce e algum fel. Nós bebemos de muitos géneros, mas vamos buscar toda a essência de Jupiter às nossas raízes, ao fantástico e longínquo mundo do funk e do rock dos anos 70, que misturamos com tudo o que gostamos na música portuguesa, que tem uma riqueza imensa. Chamem-nos o que quiserem, mas para nós será sempre Disco Punk… desculpa Disco Funk.
Irreversível – O que é irreversível?
Jupiter – Irreversível foi um momento na nossa infância, em que brincávamos numa festa da aldeia com um artista a tocar num palco. Andávamos a correr de um lado para o outro, e o Tiago tropeça no cabo que alimentava a festa que resulta num apagão geral. Luzes abaixo, as farturas pararam, PA ao charco, os brinquedos não se viam, enfim… entre isto tudo, e o espanto de toda gente a ver um miúdo no chão ao lado do cabo, enquanto se apercebiam que o artista principal, que tinha sido contratado para alegrar o pessoal, estava a fazer playback. Portanto, pessoal nunca deixem os cabos à solta quando estivermos a passar porque podemos estragar a festa a alguém.
Fotos © Inês Torcato e Luís Carvalho
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