Para mim, sempre houve um vínculo afetivo entre os lugares e as músicas. Não consigo dissociá-lo, e, quando viajo, as memórias mais duradouras e intensas são aquelas em que a música esteve presente. A música está ad aeternum na minha mente.

Frequentemente me interrogo sobre qual é o papel da Música na nossa sociedade e se este questionamento fará sentido apenas no desenrolar do nosso tempo ou se porventura há uma correlação entre História e Música.
A 1ª Arte é algo absolutamente grandioso que nos molda e nos orienta, rumo ao sonho mais verdadeiro do Homem, a felicidade.

A Música tem diferentes linguagens e cada uma delas encontra um sítio dentro da nossa alma. Comporta múltiplas sonoridades que encorajam a nossa inteligência, o nosso pensamento…seja a contemplar o mar num radioso dia de verão, seja numa conversa de amigos junto a uma reconfortante lareira nos dias mais gélidos. É como se a Música nos observasse e nos protegesse…fazendo com que encontremos aquilo que de melhor existe dentro dos nossos corações. Se refletirmos sobre o prazer que uma determinada melodia nos pode conceder, é como se houvesse uma porção mágica à qual todos os homens podem ter acesso.

Se há cidade que não ignora a Música, é Londres. Na capital britânica, ela é intensamente vivida e respeitada, tornando-se indispensável no quotidiano dos seus habitantes. A cidade inglesa dá um sentido especial à Música, seja pelo grande número de eventos ao longo do ano, seja pelas inúmeras lojas de venda de discos ou mesmo pelos clubes e pubs, verdadeiros espaços musicais de insuspeita diversidade cultural. Esta relação umbilical de Londres com a 1ª Arte torna-se ainda mais incomensurável se atentarmos nos músicos e compositores que lá nasceram ou fizeram vida artística.

Ora vejamos…os lendários Rolling Stones, Pink Floyd e Led Zeppelin. Figuras icónicas como David Bowie, Elton John ou Freddie Mercury – que na adolescência se mudou de Zanzibar para Londres. A capital britânica parece funcionar como um íman… atente- se também nos Beatles – oriundos de Liverpool – que a dada altura foram para Londres e por lá deixaram legado eterno. Mas também nomes de cariz mais dançante como os Art of Noise, Pet Shop Boys ou Burial. E que dizer do talento de Mike Oldfield, David Sylvian, Kieran Hebden ou Max Richter? Ou de compositores imortais como Gustav Holst e Henry Purcell. É, pois, uma verdadeira constelação de estrelas.
Londres é fundamental para a história da Música e, naturalmente, para a cultura ocidental.


Foto de capa © Miguel Pinho


Décima sexta edição d´ “As sonoridades das viagens“ na Irreversível.
Miguel Pinho é um reconhecido apaixonado por música e autor publicado sobre viagens.
Conhecendo estas premissas, a Irreversível lançou-lhe o desafio de somar as duas, a música e as suas viagens, numa rubrica para Magazine.

Mais recente livro de Miguel Pinho (artigo Irreversível):
Das Pontes do Porto aos Doces Vinhedos Magiares“.