BĘÃTFÓØT – “Há algo de universal, como dançar e divertirmo-nos!”

Os BĘÃTFÓØT estão em tour por Portugal pela mão da gig.ROCKS! e a Irreversível assistiu ao 1º concerto da tour nos Maus Hábitos – Porto.

A actuação dos BĘÃTFÓØT começou de forma extemporânea com Udi Naor a pegar no microfone e a ir, literalmente, buscar as pessoas à porta da sala. Com a malta a entrar, começaram as primeiras batidas e a energica Adi Bronicki a lançar os primeiros reptos: “Tudo aqui na frente! Venham todos para aqui junto a nós!”
Sucedeu-se um Electro, Techno, Bigbeat, Hip-Hop, com raízes num espírito irreverente, quase punk, numa montanha russa sonora que pisca o olho, aqui e ali, à pop mais purinha.
Os BĘÃTFÓØT estão ali num cruzamento entre Peaches e Fat Boy Slim, como quem vem de Beastie Boys em direcção a Die Antwoord.
Sente-se que estão, também, ainda à procura do seu espaço sonoro, as audiências de Amesterdão ou Hamburgo são diferentes das do Porto. Certamente que esta rodagem por diferentes palcos europeus vão dar aos BĘÃTFÓØT a maturação necessária. Os condimentos estão lá todos, já bem temperados de sal e chili, e o projecto promete fazer abanar muitos corpos por onde passam.

Aproveitamos a oportunidade e não deixamos escapar a possiblidade de uma pequena (e bastante esbardalhada) entrevista ao duo de Telavive:

Irreversível – Vocês são um dos duos mais excitantes actualmente a actuar pela Europa, BĘÃTFÓØT incorpora no seu som muitas influências, desde o electro, punk, bigbeat, até ao tech-rave, criando uma atmosfera única de uma festa sem fim. Considerando isto, como descrevem o vosso espectáculo ao vivo e qual é o principal objectivo por detrás dele?
BĘÃTFÓØT – Descreveríamos o nosso espectáculo de amor como caótico, nojento, terrível e desprezível. O principal objectivo é fazer com que as pessoas se sintam caóticas, nojentas, terríveis e sujas.
Na verdade, com toda a seriedade, penso que os melhores espectáculos que já vimos são os espectáculos que nos fazem sentir invencíveis e livres e que podemos fazer o que quisermos, sempre que quisermos… e obter o que quisermos e ter tudo… e comer o bolo e tê-lo novamente e comê-lo novamente. Eu quero ter bolo ao pequeno-almoço, almoço e jantar, todo o tipo de bolo, eu gosto de todo o tipo de bolo, espero que seja um bolo vegan, mas pode ser qualquer bolo, não quero dizer que tenha de ser vegan… mas, oh bolos… são óptimos.

Irreversível – O vosso disco BĘÃTFÓØT foi lançado há cerca de um ano e desde então existem várias ondas nas redes-sociais que apontam BĘÃTFÓØT como um dos mais excitantes novos acts actualmente em digressão pela Europa. Berlim, Londres, Istambul ou Amesterdão, foram algumas das cidades que já exploraram antes desta tour em Portugal. Como estão as vossas expectativas em relação ao público português, considerando que é a vossa primeira vez aqui?
BĘÃTFÓØT- Sim, as nossas expectativas para com o público português são que vocês são terríveis, têm mau gosto musical, têm mau hálito, não usam desodorizante e não sabem distinguir a esquerda da direita… e não se vestem muito na moda. Também os vossos cortes de cabelo não são grande coisa, os vossos cabelos gritam “Oh meu Deus tenho mau cabelo!”… e também têm piolhos (yeah, yeah)… têm piolhos.
Não, com toda a seriedade, ficamos muito contentes por estar aqui. Na verdade, nunca antes fizemos cinco espectáculos seguidos. Tudo isto é graças às incríveis pessoas da gig.Rocks que nos trouxeram aqui e nos fizeram realmente sentir como as estrelas que somos. Amamo-las mais do que os nossos gatos. Não temos gatos, mas se quiséssemos considerar amá-los mais… Na verdade, não gostamos assim tanto de gatos… Sim, na verdade ambos não gostamos muito de gatos que ponham em perigo as populações de aves nativas e que não tomem banho e estejam sempre nus, o que é fantástico.

Irreversível- Voces não tem um som específico nem nenhuma geografia sonora que possa estar directamente associada. Depois de tantas cidades, tantos locais e tantas críticas positivas, acham que os BĘÃTFÓØT podem tomar o mundo de assalto?
BĘÃTFÓØT – Que tipo de pergunta é essa? Do you want us to say we’re the best ? Claro que somos os melhores e que se lixe o resto.
Não, com toda a seriedade, acho que há algo de universal, como dançar e divertirmo-nos… onde quer que vamos, apenas dançamos e divertimo-nos… e qualquer um que possa vibrar connosco nesse comprimento de onda, depois salta para o passeio que já conheces… junta-te aos Shenanigans, vamos fazer o Shinga Doo.

Irreversível – A pandemia Covid afectou a indústria dos espectáculos ao vivo… Como conseguiram ficar motivados, considerando o facto de que havia distanciamento social, restrições de viagem, etc… Podemos esperar uma verdadeira digressão de Verão para ’23?
BĘÃTFÓØT- Jurámos fidelidade à bandeira dos Estados Unidos da América, na república que representa uma nação sob Deus indivisível à liberdade e justiça para todos.
Não, com toda a seriedade, Já nascemos motivamos e nunca mais deixámos de o ser desde então. Isto é apenas o começo… Yeah, o princípio do fim. Queremos aproveitar esta oportunidade e dizer que estamos a separar a banda e vamos trabalhar numa start-up que vende sapatos para tartarugas. É como a Tesla, mas diferente, com atacadores para as tartarugas.

Irreversível – O que é irreversível?
BĘÃTFÓØT- Apaixonares-te. Because you can fall in love but you can’t love in fall.

Fotografia de capa © Joana Sousa – Shootsounds