É editado hoje, 23 de Fevereiro, “Blunt Knives“, EP de estreia de Basalto. O disco conta com a colaboração dos músicos Rui Gaspar (First Breath After Coma), Sofia Ribeiro (LINCE, We Trust) e Mariana Leite Soares.
“Blunt Knives” é o resultado da criação musical que Guilherme de Sousa tem vindo a desenvolver nos últimos 2 anos. Partindo de uma experiência autobiográfica, procura o seu lugar próprio num universo musical melancólico, sombrio e de sonoridades tristes.
O recurso autobiográfico para a composição dos temas facilmente se dilui na construção de uma ficção, esmorecendo os factos que fariam dele um auto-retrato fidedigno… as tristezas são empoladas e os dramas exacerbados.
Até ao momento foram lançados os singles “Little Boy Big Tears” (2022), “Melt In You” (2023) e “Blunt Knives” (2024). Os restantes temas vêm enriquecer a diversidade sonora, com várias abordagens musicais e inspirações, assim como pelos seus arranjos e melodias de tonalidade triste e melancólica, num tom sempre dramático, imaginadas para ambientes noturnos, com beats arrastados e lânguidos.
Basalto / Guilherme de Sousa
(..) considero que os meus diferentes estados de espírito e episódios de vida, as pessoas que mais amo e aquilo que significam para mim, acabam por ser a minha maior inspiração (…)
Irreversível / Francisco Barros – Olá Guilherme, muito obrigado pela disponibilidade para esta entrevista e parabéns pelo disco. Qual foi a motivação para a criação deste projecto?
Basalto / Guilherme de Sousa – Olá Francisco. Eu é que agradeço o convite!
Posso dizer que a maior motivação para a criação deste disco foi a curiosidade e a vontade de experimentar criar uma identidade própria num processo de composição e escrita musical. Enquanto ouvinte de música, sempre imaginei como seria criar a minha própria linguagem musical e que influências e referências traria eu para um trabalho deste tipo. O tempo que a pandemia nos deu a todos foi o pretexto para poder pôr em prática as minhas primeiras experiências neste campo, sem grandes compromissos ou expectativas.
Irreversível – Existe algum conceito por detrás de “Basalto”?
Basalto – Acredito que está presente um conceito por detrás de todo o trabalho que desenvolvo, ainda que neste caso esteja ainda em desenvolvimento, à medida que o processo vai acontecendo e evoluindo. Tenho tentado trabalhar no sentido de desenhar um universo musical e visual com cunho próprio, (sendo que este lado visual é pensado pelo Pedro Azevedo), através de um “personagem” que se movimenta entre a realidade e a ficção, que habita um mundo soturno e melancólico e canta sobre as suas tristezas, desgostos e inquietações.
Irreversível – Como foi o processo criativo para a criação das composições e como decorreu depois a gravação?
Basalto – Inicialmente, o processo criativo de “Blunt Knives” foi bastante descontraído e solitário. O facto de, na altura, não ter expectativas sobre o futuro das criações e ter deixado apenas as coisas correrem, fez com que não sentisse muitas pressões sobre aquilo que eu estava a fazer, ou devia, ou não devia fazer. Comecei por criar algumas demos, que partilhava com as pessoas mais próximas e só depois, mais tarde, partilhei com alguns produtores (Rui Gaspar, Sofia Ribeiro e Mariana Leite Soares), com quem me juntei para irmos trabalhando sobre as músicas. Foram diferentes processos, um com cada um deles, uma vez que trabalhei as músicas individualmente e nunca em grupo, mas todos eles foram extremamente importantes para a construção do EP.
Irreversível – Esperas alguma evolução nas músicas do EP quando as tocares ao vivo?
Basalto – Ainda é algo que estou a trabalhar neste momento, uma vez que estou em ensaios para o meu concerto de estreia, que vai acontecer no próximo dia 9 de Março no Passos Manuel, no Porto. Mas gostava que algumas das músicas tivessem variações e que não fossem uma cópia exacta do disco. Acho que o factor surpresa nos arranjos das músicas, em concertos, têm sempre um grande impacto no público.
Irreversível – Quais são as tuas fontes de inspiração?
Basalto – Primeiro posso indicar algumas das minhas grandes inspirações musicais, estruturais desde o início das minhas experiências, como Lana Del Rey, James Blake, Anohni and the Johnsons, Roy Orbinson, Lykke Li, Elvis Presley, Lee Hazlewood, entre outros. Mas, para além destes artistas, considero que os meus diferentes estados de espírito e episódios de vida, as pessoas que mais amo e aquilo que significam para mim, acabam por ser a minha maior inspiração no que toca ao processo de composição e escrita, por servirem de matéria geradora de sonoridades e letras.
Irreversível – Pessoalmente detesto rotular artistas ou bandas, é quase sempre limitativo, mas por
vezes é necessário fazê-lo. Se tivesses de explicar o tipo de som que crias, como o descreverias?
Basalto – Não sei se sei responder a esta pergunta, porque também evito sempre fazer esse tipo de categorização, ainda para mais sendo um projeto tão recente. Mas, acredito que se possa inserir num género musical alternativo, embora fortemente influenciado por características e padrões do universo da música pop.
Irreversível – O que é irreversível?
Basalto – Penso que o impacto que causamos nos outros é irreversível – o amor que damos a alguém, as mágoas que deixamos na vida de alguém.
“Blunt Knives” será apresentado ao vivo nos dias 9 de Março (ESTREIA) no Passos Manuel – Porto e dia 10 de Maio no Maus Hábitos – Porto.