Uma espécie de alquimia, fusão de música e palavra, degustação simbiótica. Pairam questões e flutuam reflexões. Tudo excessivamente degustado sem contra-indicações, como um pós-ébrio, daqueles com Bocas Que Sabem a Papéis de Música.
BOCAS QUE SABEM A PAPÉIS DE MÚSICA (138) – Pela Boca Morre o Peixe
O BQSAPDM despejou toneladas de palavras. Os silos esvaziaram-se e foi um festim de enormes proporções. Calou por momentos o vazio. Não descuidou os preparativos e armou-se contra eventuais excessos. São previsíveis as consequências de um longo período de silêncio para, assim vindo do nada, se começar a falar sem um fim à vista.
O BQSAPDM queria muito falar, despejar enxurradas de palavras, mas desde logo pressentiu uma certa falta de alcance. Sentiu que por maior elasticidade e plasticidade que lhes imprimisse, qualquer esforço para verbalizar rapidamente se tornava inominável. Só mais tarde compreendeu o quão crucial é ser-se sábio no administrar correcto da exposição a que as palavras não resistem. Palavra proferida, não pode ser retirada. Nenhuma estratégia de remoção passará no teste do algodão. Uma vez dita é, mais ou menos, como um plano cinematográfico de Manoel de Oliveira… E fica… Fica… Fica…
Assim sendo, para não morrer pela boca, refém das suas palavras, o BQSAPDM fica por aqui e recolhe-se na sua experiência de quase silêncio… De volta à parcimónia.
Autoria, Locução & Realização:
Lady Jane Doe & Retroneofora
Jingle:
Jorge da Rocha (Música) & Peter de Cuyper (Locução)
Produção:
O Mau Produtor