Os MUAY andam em tour, a Irreversível assistiu ao gig no Paranoid Beer & Records, com uma bela de uma 1ª parte a cargo de uns renovados Sun Mammuth, e antes das próximas datas (4 de março Gentalha do Pichel – Santiago de Compostela | 10 de março Club Souto – Barcelos | 11 de março Ferro Bar – Porto) trocamos umas palavras com a dupla.
Hugo Ferreira (guitar / vocals / synth) e Nuno Sousa (drums / vocals / synth) editaram o seu primeiro registo “PO EI RA” em 2015, em 2016 lançam “CE LES TI AL” e em 2019 “S E M F I M“.
Em Março de 2022 surge “TERRA“: “Em 2021 foi-nos feito o convite de musicar o filme mudo de 1930, Earth de Aleksandr Dovjenko, para um conjunto de cine-concertos (…) O disco é uma captação parcial do registo sonoro do primeiro desses cine-concertos.”
Talvez seja um processo de recalcamento criativo, que, transposto ao vivo, relaxa e tensiona. Faz sentido?
Irreversível – Antes de mais, obrigado pela vossa disponibilidade para esta entrevista e parabéns pelo belo gig em Freamunde no Paranoid Beer & Records.
Regressaram aos palcos no final de 2022, no Auditório CCOP com o Davide Lobão e agora arrancam com esta tour depois do novo disco “TERRA“, também em 2022. Sentem que têm o álbum que queriam? E, esta tour nasce de uma vontade de regressar aos concertos ou da necessidade de apresentar o último disco?
MUAY– Nós é que agradecemos a vossa disponibilidade e interesse para nos ouvirem!
Felizmente, ainda não temos quem mande em nós, as tours nascem da necessidade de sair, ver caras e dar abraços.
Mais do que a peça que o disco encerra, o “TERRA” foi uma bonita oportunidade de fazer algo diferente. Em 2021 foi-nos feito o convite de musicar o filme mudo de 1930, Earth de Aleksandr Dovjenko, para um conjunto de cine-concertos. Este tipo de experiência e exercício, ligados a uma componente visual forte, era algo que há muito queríamos fazer. O disco é uma captação parcial do registo sonoro do primeiro desses cine-concertos.
Irreversível – Como está a decorrer a tour e quais as expectativas para o que ainda falta?
MUAY – É muito bom tocar e partilhar inquietações. Colecionámos os cromos na caderneta que ainda não tínhamos, com MUAY ou outros projectos anteriores… a oportunidade de tocar em salas como o MusicBox ou a SHE, o Gentalha em Santiago… na verdade, todos os spots são novos para nós e de certeza que igualmente acolhedores e com pessoas incríveis pelo caminho.
A expectativa é sempre a mesma, se estiverem 3 pessoas mais o técnico da sala, já são 4. 4, já dá para fazer festa. E várias festas de 4 pessoas nunca são festas a mais.
Irreversível – Quem assiste aos vossos concertos entende facilmente que há muito nervo enquanto tocam. Esse nervo nasce logo no processo criativo ou é algo que vai crescendo conforme as músicas vão evoluindo nos palcos?
MUAY – Nunca tínhamos pensado dessa forma. Nós os dois temos um passado muito ligado ao punk, ao hardcore, ao post-hardcore. Dessa forma, o nervo é basilar. Crescemos na ressaca do grunge, com o “Nevermind“, o “Mellon Collie and the Infinite Sadness” e logo saltamos de pedra em pedra, berro em berro, até ao “Evil Empire” e o “Relationship of Command“. Para nós, o vivo é isso mesmo: é um ser, animal, que se transforma e bate com força. Respira, sua, fala, suspira.
Talvez seja um processo de recalcamento criativo, que, transposto ao vivo, relaxa e tensiona. Faz sentido?
Irreversível – Quais são as vossas fontes de inspiração?
MUAY – As melodias, os filmes, o silêncio, os beats, o adufe, o trompete, o ruído branco, o ruído preto, o fumo branco, o fumo preto, o pontapé, o murro, o feedback, um pedal novo, um edifício, um espaço, um lugar…
Irreversível – Pessoalmente detesto rotular bandas, é quase sempre limitativo, mas por vezes é necessário fazê-lo. Se tivessem de explicar o tipo de som que fazem, como o descreveriam?
Muay – Música para fechar os olhos e abanar levemente a cabeça. Se confiares, largas as mãos e flutuas ou simplesmente danças.
Irreversível – O que é irreversível?
MUAY – Cabalmente, e até saber de outros prados verdejantes, apenas a morte.
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