“Camera” é o terceiro disco de originais de Knok Knok, o primeiro com Armando Teixeira e o baterista Rui Rodrigues.
Knok Knok editaram o seu terceiro disco “Camera“, no passado dia 22 de Março, com selo da Base Recordings. O álbum está disponível no bandcamp e em vinil, numa edição especial de 60 cópias coloridas, numeradas e assinadas.
A Irreversível esteve à conversa com o multifacetado Armando Teixeira e com Rui Rodrigues sobre este novo lançamento:
(…) há uma forte componente de improvisação nos temas.
Knok Knok
Irreversível / Francisco Barros – Olá Armando e Rui, obrigado pela disponibilidade para esta entrevista, parabéns pelo disco, agarrou-me, foi-me agarrando música após música.
“Camera“, terceiro LP de Knok Knok, tem agora uma nova dupla como base para o projeto. Existem alterações conceptuais ou o espírito original do disco de estreia, “Knok Knock” de 2017, mantém-se?
Knok Knok / Armando Teixeira – Mantém-se! O espírito é a experimentação e a liberdade. Este disco, mais do que os outros, por nunca termos tocado juntos, foi uma surpresa. Quando começámos a trabalhar para ele não fazíamos ideia do que iria surgir. Foi um trabalho feito à distância, mas muito fácil.
Irreversível – Existe um conceito específico por trás deste “Camera“… certo?
Armando Teixeira – O conceito surgiu no final, com o disco feito. Associámos cada música a uma cena de um filme que gostamos. Por exemplo, para nós agora o tema “Rita’s Blue Box” é banda sonora da cena em que a Rita abre a caixa azul no filme “Mulholland Drive” do David Lynch.
Irreversível – Vocês têm um par de convidados no disco, o Nuno Rebelo e o Tiago Castro / Acid Acid. Como surgiram estas colaborações?
Armando Teixeira – Foi uma honra eles terem aceite o nosso convite. O Nuno Rebelo é uma referência da música improvisada em Portugal, foi ele que escolheu o tema onde queria tocar. Tocou guitarra preparada da maneira particular como só ele sabe. O tema cresceu em liberdade e surpresa.
Convidámos o Tiago Castro/Acid Acid para o tema do disco que mais associamos ao Krautrock. Também foi uma surpresa o que a guitarra do Tiago trouxe ao tema. Aqui o resultado foi defini-lo quase como uma canção.
Irreversível – Considero Knok Knok um projeto declaradamente para franjas e nichos, afirmação que está sujeita a uma qualquer contestação, naturalmente. Mas, assumindo essa premissa como verdadeira, quais são os vossos objetivos enquanto projeto?
Knok Knok / Rui Rodrigues – Creio que temos muita coisa em aberto. Knok Knok é um projeto que facilmente se adaptaria à criação para encenação ou cinema e, por outro lado, tem enorme potencial para compor em parceria, com projetos em residência, por exemplo
Irreversível – Como foi o processo criativo para a elaboração das composições e como decorreu a gravação?
Rui Rodrigues – Curiosamente, fizemos tudo à distância. Foi muito interessante trocar ideias no tempo e no espaço. Pessoalmente acho muito gratificante compor dessa forma, creio que cada um traz o melhor de si, no seu tempo. Há espaço para receber propostas e pensar naquilo que queremos acrescentar.
Irreversível – O que podemos esperar dos vossos concertos? Alguma evolução nos temas quando os apresentarem ao vivo?
Rui Rodrigues – Certamente, há uma forte componente de improvisação nos temas.
Estou muito curioso para sentir a reação dos públicos, mas acho que vamos preparar bons momentos de fruição.
Irreversível – Quais são as vossas fontes de inspiração?
Rui Rodrigues – No meu caso são das mais variadas. O que por vezes acontece naturalmente é eu pegar em referências diferentes à medida que vou trabalhando em projetos distintos. A vantagem de ouvir géneros distintos é conquistar essa bagagem que mais tarde pode ser adereçada consoante o processo criativo.
Irreversível – Pessoalmente detesto rotular artistas ou bandas, é quase sempre limitativo, mas por vezes é necessário fazê-lo. Se tivessem de explicar o tipo de som que fazem, como o descreveriam?
Armando Teixeira – Talvez música electrónica, música improvisada, krautrock.
Irreversível – O que é irreversível?
Knok Knok – Nada. (risos)
“Camera” será apresentado ao vivo no dia 04 de Abril, no Festival Santos da Casa, no Maus Hábitos, Porto, e na Noite Salón Fuzz, no Lounge, em Lisboa.
Foto de capa © Paulo Romão Brás