Os Cave Story tem um novo álbum, “Wide Wall, Tree Tall“, apresentado hoje. A Irreversível antecipou o lançamento com uma entrevista à banda das Caldas da Rainha.

Para nós, fazer parte de uma corrente em que um projecto influencia o próximo e daí se criam novas ligações e linguagens artísticas é uma ideia essencial.

Irreversível – Antes de mais, obrigado pela vossa disponibilidade para esta entrevista e parabéns pelo novo LP Wide Wall, Tree Tall“, espero cruzar-me com vocês num qualquer palco para conferir ao vivo. Quais as maiores diferenças que podemos encontrar em Cave Story dez anos depois do vosso 1º lançamento “Demos” (EP, 2013)? Já fizeram essa avaliação?
Cave Story – Obrigado pelo interesse em fazer esta entrevista, é com gosto que respondemos.
Nós não nos apercebemos que estávamos a atravessar os 10 anos de banda até começarem a referi-lo nas primeiras entrevistas. Há 10 anos que temos de fazer bem mais do que estar nesta banda para sobreviver. No entanto, um sentimento recorrente que temos tido ao trabalhar para este disco é que, sejam quais forem as formas que tenhamos de encontrar para subsistir, criar música, tocar e gravar são parte essencial da nossa identidade e dificilmente deixarão de ser uma prioridade. Esse sentimento é descrito em vários momentos ao longo do disco e de forma mais directa na primeira faixa, “Sing Something For Us Now“.

Irreversível – Quais as expectativas para a tour de apresentação deste “Wide Wall, Tree Tall“? E esperam alguma evolução nos temas depois de os começarem a apresentar ao vivo?
Cave Story – Sim, sabemos que as músicas ganham sempre nova forma com as apresentações ao vivo, essa evolução é sempre orgânica e instintiva, mas neste disco ainda será mais óbvia. Não nos poupamos a detalhes, pormenores e arranjos. No entanto, o que algumas músicas perderem de textura vão ganhar em energia e volume. O nosso maior objectivo, depois de gravar e editar um disco do qual nos orgulhamos, é tocá-lo e fazê-lo chegar às pessoas de todas as formas possíveis. Por isso, a tour de apresentação é algo que aguardamos com muito entusiasmo.

Irreversível – Como é o vosso processo criativo?
Cave Story – Há muito pouco do nosso trabalho que não tenha sido conseguido com alguma insistência, presença e trabalho contínuo. Os períodos entre momentos de criação por vezes são tão importantes quanto a primeira vez que se grava um rascunho. Existem, claro, momentos pontuais em que parece que tudo flui melhor, no entanto já temos experiência suficiente para saber que esses momentos só surgem com paciência e regularidade. Neste disco houve um aglomerar de todos os processos que alguma vez conseguimos que resultassem. Acho que esse é o nosso processo, o que funcionar.

Irreversível – Qual é o conceito por detrás do título “Wide Wall, Tree Tall”?
Cave Story – Medidas não absolutas.

Cave Story © Martim Teixeira


Irreversível – Quais são as vossas fontes de inspiração?
Cave Story – Sempre fomos bastante honestos em relação às nossas influências, em particular musicais. Para nós, fazer parte de uma corrente em que um projecto influencia o próximo e daí se criam novas ligações e linguagens artísticas é uma ideia essencial. O nosso último LP, “Punk Academics“, falava muito disso, da música e dos métodos de trabalhar e criar que aprendemos com as bandas que crescemos a ouvir. Desde aí, também assinamos um programa quinzenal na Radar a que chamamos “Part Time Punks“. Vamos chegar, em breve, aos 90 episódios e partilhamos muita música que gostamos e que consequentemente é inspiradora. Mais recentemente, também criámos uma publicação em formato newsletter, “Lumber Grotto“, em que partilhamos pontualmente não só novidades sobre a banda mas também notas sobre coisas que admiramos e nos inspiram. Podem subscrever aqui: Lumber Grotto

Irreversível – Pessoalmente detesto rotular bandas, é quase sempre limitativo, mas por vezes é necessário fazê-lo. Se tivessem de explicar o tipo de som que fazem, como o descreveriam?
Cave Story – Nós vamos tentando inventar descrições. Desde 2013 que costumamos dizer nos concertos que somos uma banda de rock profissional. Fazemos música real e indiscutível. Mais recentemente, também nos descrevemos a um amigo como “dependable and non gregarious music“. Mas é inevitável e perfeitamente aceitável que se descreva como indie/rock/post-punk, aí algures.

Irreversível – Além dos Cave Story, cada elemento da banda tem um projecto a solo ou com outros músicos. Podem falar um pouco acerca desses projectos e do que estão a cozinhar para breve?
Cave Story – Temos boas perspectivas para este ano. A Bia vai lançar, muito em breve, um disco do seu projecto a solo, April Marmara, o Ricardo está a acabar discos com nëss e Hisou, o , sempre que pode, está a pintar no atelier e eu (Gonçalo) vou também ver um disco de Veenho editado ainda este ano.

Irreversível – O que é irreversível?
Cave Story – Ouvir os discos mais recentes do John Cale.



*foto de capa – Cave Story © Martim Teixeira

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