St. James Park apresenta esta sexta-feira, 15 de março, “Modern Loneliness“, o seu segundo álbum de estúdio.
Tiago Sampaio aka St. James Park é um músico que procura a singularidade na música eletrónica. Em 2020, lançou o álbum “Highlight“, com colaborações de Ivy, Lince e Noiserv. Desde então, participou em projetos como o álbum “Oasis Nocturno” (Remixed) da artista norte-americana TOKiMONSTA e lançou a NFT “Cobras” com Conan Osiris, Holly e Pedro Mkk. Hoje edita o seu 2º longa-duração, “Modern Loneliness“, com selo da Cosmic Burguer.
A Irreversível teve a oportunidade de estar com St. James Park na apresentação da programação do Westway LAB 2004, evento onde actuou em duo com Mafalda.
Aproveitamos a oportunidade e fizemos um pequeno vídeo antecipando a entrevista, que publicamos hoje completa, com o foco natural neste novo lançamento:
(…) sempre quis ter um “lugar” ou um projeto onde pudesse criar sem qualquer impedimento externo, até quando fundei os Grandfather ‘s House foi com o mesmo propósito.
St. James Park
Irreversível / Francisco Barros – Olá, muito obrigado por aceitares esta entrevista, parabéns pelo novo disco. Antes de falarmos sobre este teu novo trabalho, gostava de conhecer um pouco melhor o teu percurso. Como é que nasce este projeto St. James Park?
St. James Park – Eu sempre quis ter um “lugar” ou um projeto onde pudesse criar sem qualquer impedimento externo, até quando fundei os Grandfather ‘s House foi com o mesmo propósito. Depois acabou por se tornar uma banda com mais elementos.
Mas o que levou à criação de St. James Park foi um simples convite do Francisco Quintas da Cosmic Burger para editar, o que na altura eu nunca pensaria vir a ser um álbum. Eu vinha desde 2015 a experimentar coisas sozinho e a aprender a produzir música por meios eletrónicos até que em 2019 o Francisco disse-me algo como: Gosto muito dos temas que tens aí, não queres editar esse disco pela Cosmic Burger? Foi aqui, com este convite, que decidi criar então o projeto.
Irreversível – Este é um disco que conta com a participação de vários convidados. Podes apresentá-los e explicar como e porque é que aparecem neste trabalho?
St. James Park – Este disco aparece da necessidade de trabalhar e partilhar momentos e experiências em estúdio com artistas de áreas muito diferentes. Eu vinha de uma altura onde trabalhei durante 2 ou 3 anos em estúdio sozinho e senti que precisava de estar com pessoas e trabalhar com pessoas. Fazer música já estava a deixar de ter piada para mim e isso estava a ser muito difícil de perceber e entender.
Então decidi fazer um disco com artistas muito distintos para me obrigar a sair da zona de conforto, decidi convidar pessoas que eram minhas amigas para partilhar este momento, outras que admirava muito o trabalho, outras porque achava que me iam desafiar muito a trabalhar em coisas diferentes. Os artistas são: Maudito, Bia Maria, Sónia Trópicos, Birou, Cálculo, Y.AZZ, Evaya, Redoma, Isa Leen, Mafalda e Rui Gaspar.
Irreversível – O que poderemos esperar dos concertos? Alguma evolução nos temas quando os apresentares ao vivo?
St. James Park – Não sei se chamaria evolução, mas vão ser muito diferentes!
Como deves perceber, andar com 11 artistas na estrada é muito complicado para a minha dimensão enquanto artista e para a agenda de todos. Então decidi despir as músicas e apresentá-las com uma abordagem diferente. Muitas vão ter uma direção mais calma e intímista, outras mais explosiva. Só quero dizer às pessoas que não esperem que as músicas ao vivo sejam as mesmas, até porque eu vou cantar parte dos temas e a Mafalda, que me vai acompanhar ao vivo, vai cantar outra parte.
Irreversível – Como foi o processo criativo para a criação das composições e como decorreu depois a gravação?
St. James Park – O processo criativo foi muito diferente de música para música. Não houve sequer nada em comum entre os temas como ponto de partida. Muitas músicas foram compostas por uma progressão de acordes que começamos a desenhar na sessão de estúdio. Houve um tema que surgiu apenas de umas palmas que tínhamos intenção de colocar num tema, e começamos por gravar isso. Acho que no geral e na maior parte das vezes, o que aconteceu foi ter um sample ou uma ideia muito simples como ponto de partida em comum, a partir daí foi criar.
Irreversível – Quais são as tuas fontes de inspiração?
St. James Park – Olha, acho que para este disco não tive nenhuma fonte de inspiração direta musical. Foi mesmo a pessoa que estava a trabalhar comigo em estúdio, porque o momento era tão intenso e havia sempre muitas ideias, então libertei-me e deixei-me ir com o flow do momento.
Mas normalmente procuro sempre fontes de inspiração muito variadas. Não gosto muito de ficar fechado num estilo.
Mas, posso-te dizer que me divirto muito a ouvir Maribou State, Mura Masa, Moderat, Jai Paul, por exemplo.
Irreversível – Pessoalmente detesto rotular artistas ou bandas, é quase sempre limitativo, mas por vezes é necessário fazê-lo. Se tivesses de explicar o tipo de som que fazes, como o descreverias?
St. James Park – Eu já lancei música mais dançável e instrumental, pop eletrónica, já lancei música super calma de piano e ambiências, acaba por ser um bocadinho difícil de definir. Mas, se calhar diria mesmo dentro do mundo alternativo pop e eletrónico.
Irreversível – O que é irreversível?
St. James Park – Ser feliz a fazer a minha música e a partilhá-la com as pessoas!
*Foto de capa: St. James Park © André Alves