Entramos num labirinto na boca do Porto, mas só para quem se atreve a cruzar a porta de um rapaz estéreo.

Anuindo a esta demanda, somos levados a conhecer-lhe curvas, contra-curvas e becos sem saída, permitindo que a discreta porta da Associação de moradores do bairro do Bouça nos engula.
Quem entra e atravessa em linha recta, segue o caminho óbvio da surdez de quem não quer ver os seus pés mergulhados em pântanos e vir a ser cobaia de sons experimentais para que a audição possa assim definir-se. Por oposição, quem ousa a viagem labiríntica, sente cultura interna expandir-se e amplia cartas geográficas que vão mapeando caminhos.

Stereoboy © Raquel Folião
Luís Salgado – Stereoboy © Raquel Folião


O rapaz estéreo, Luís Salgado, comanda o canal de acesso ao labirinto, beliscando a ousadia de músicos-cientistas, donos de coragem e criatividade não adormecidas, José Marrucho e Pedro Pestana. A receita vai além de batas brancas, tubos de ensaio e laboratório experimental. Os destemidos que obedeceram à desafiante travessia do dédalo à porta do Bouça, desembocam no átrio principal.
No cimo do palco, os músicos exímios na experimentação, trabalham arduamente para que a tripulação que está diante deles, se sirva de cápsulas espaciais individuais para as viagens que querem fazer, e assim descolarem.

Stereoboy © Raquel Folião
José Marrucho – Stereoboy © Raquel Folião


Deparámo-nos então com volumes de sons distintos, os internos e os externos. A cargo dos músicos-cientistas fica a distorção, a mestria, o experimentalismo mas também a subtileza de conjugar sonoridades que chutam para fora. Do lado de cá, recebemos as mesmas de acordo com o volume que lhe atribuímos. Esta romaria ao imo de cada um, reflecte-se em cápsulas distintas de cores e volumes, conforme o impacto das sonoridades que nos acertam.
Desconcertante para que possamos tirar um intervalo de um mundo cómodo, Stereoboy, arrisca esta pausa de nos abandonarmos por instantes e fazermos parte de uma experiência única.

Stereoboy © Raquel Folião
Pedro Pestana – Stereoboy © Raquel Folião


A experiência que se vive com Stereoboy, remexe túmulos do passado exumando múmias, e deixa o convite para memórias futuras que, por certo, se adivinham inquietantes para que saibamos que estarmos vivos implica conhecer os cantos todos do labirinto
Stereoboy apontou assim a luz ao lugar esquecido.


*foto de capa: Stereoboy © Raquel Folião

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