Os 800 Gondomar lançam hoje “São Gunão“, o 2º Longa-Duração da banda, numa edição de autor.
Escrever conjecturas, com teorias, pressuposições ou palpites, sobre o novo disco de 800 Gondomar poderia ser arriscado. Em primeiro, porque a banda é notoriamente insolente, irreverente e afoita. Em segundo, porque mais do que linhas ou carreiras, excursões ou peregrinações, ou até mesmo devaneios, existe o novo disco para ouvir, os concertos para desbundar e a entrevista para ler:
Rock-insano-garageiro-noise-art-psych-punk-fluorescente-internacional-olímpico sentido-emocional de Rio Tinto.
800 Gondomar
Irreversível / Francisco Barros – Olá, muito obrigado por aceitarem esta entrevista, parabéns pelo novo disco.
800 Gondomar – Olá amigo, um abraço pleno de amizade por este convite elogioso!!!
Irreversível – Há uma década, deram à banda o nome de um requisitado autocarro do Porto. Hoje, cantam sobre um AX GTI. O aumento da velocidade alterou a forma como olham pela janela?
800 Gondomar – O 800 Gondomar é um escapismo, a verdadeira referência vertiginosa é o 8M, o autocarro nocturno que roda a 100km/h às quatro da manhã, pleno de embriagados no pior das suas falências. Faz o mesmo caminho do 800 num terço do tempo, e com mais vómito.
Irreversível – Se “São Gunão” descesse à terra, o que diria aos seus fiéis?
800 Gondomar – São Gunão é o santo que nunca saiu da terra. Acaba por estar calado por prevenção. O nosso tipo de santo é o que não dá sermões, mas antes aquele que é económico nas palavras. Um santo finito, de emoções fervilhantes, que também se cansa de ensinamentos falados, embora nunca deixe de praticar o bem.
Irreversível – Espero apanhar-vos ao vivo brevemente, já foram anunciados, por exemplo, para o Basqueiral. O que poderemos esperar dos concertos? Esperam alguma evolução dos temas quando os tocam ao vivo?
800 Gondomar – Sem dúvida haverá muito espaço para a experimentação, principalmente dentro dos novos temas. Estão a precisar de estrada e entrosamento, ao que de momento somos uma banda em mudança constante. Um concerto de Abril não será igual a um de Setembro, e o convite para testemunharmos juntos essa evolução está sempre em cima da mesa. Aparece, amigo!!
Irreversível – Como foi o processo criativo para a criação das composições e como decorreu depois a gravação?
800 Gondomar – Importa dizer que praticamente nada disto era uma ideia que ficou guardada na gaveta durante estes anos todos. A larga maioria são coisas novas, que surgiram em tempo quase recorde. De telecomposição a trabalho presencial, foi-se formando uma mescla que, depois de limada, culminou nisto. Temos definitivamente de ser mais objectivos no processo de gravação, mas que bom é ter espaços pelos quais crescer, tornarmo-nos melhores, e depois piores, e desiludirmo-nos, e voltarmos a afinar-nos, para assim, no fundo, obedecermos infalivelmente ao vaivém natural da vida e das coisas!!!
Irreversível – Quais são as vossas fontes de inspiração?
800 Gondomar – 800 GONDOMAR, OS BEBERIQUEIROS DA VIDA.
Sem querer mesmo pintar um quadro repetitivo, tentamos sempre uma abordagem neorrealista, baseada no mundano que nos envolve. Raramente escrevemos sobre algo pelo qual não passamos. Se calhar a instrumentação acaba por se tornar uma refém pontual disso.
Irreversível – Pessoalmente detesto rotular artistas ou bandas, é quase sempre limitativo, mas por vezes é necessário fazê-lo. Se tivessem de explicar o tipo de som que fazem, como o descreveriam?
800 Gondomar –Rock-insano-garageiro-noise-art-psych-punk-fluorescente-internacional-olímpico sentido-emocional de Rio Tinto.
Irreversível – O que é irreversível?
800 Gondomar – O São Gunão, porque já dropou!!!!!!!
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