Fui ao gnration motivado, já há alguns anos que não assistia a algo construido em palco pelo Alex Zhang Hungtai. Entre Dirty Bitches e o notável trio com David Maranha e Gabriel Ferrandini, as referências e as expectativas permitiam uma apelativa curiosidade. Contudo, não estava à espera de ser tão surpreendido.
Alex Zhang Hungtai tem explorado novos territórios na música, áreas que transcendem géneros, fronteiras ou qualquer rótulo.
Durante o 1º acto, Alex Zhang Hungtai utilizou e manipulou o saxofone como objecto, dispositivo, equipamento e instrumento, numa espécie de coreografia improvisada a dois, por vezes mecanizada e metódica, enquanto noutros momentos assistíamos a uma dança de arrebatamento hedonista entre Músico e Instrumento, sendo tudo isto, das vibrações aos movimentos, transposto para a construção sonora da peça.
Para o 2º acto, o músico sentou-se ao piano, numa quietude que suscitou uma combinação de emoções, oferecendo uma composição serena, gerando e despertando um contraciclo, como desfecho para esta apresentação a solo no gnration.
Alex Zhang Hungtai tem explorado novos territórios na música, áreas que transcendem géneros, fronteiras ou qualquer rótulo. A sua abordagem inovadora rompe com práticas estabelecidas e cria novas formas de expressão musical. O espetáculo a que assistimos é exemplo de como a música pode ser um meio e fonte de descoberta, tanto para o músico quanto para o público, abrindo e estabelecendo trilhos para um horizonte maior.
*foto de capa – Alex Zhang Hungtai © Hugo Sousa / gnration
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