Os Sunflowers são um dos projectos que seguimos mais atentamente nesta casa. Lançaram novo disco já em 2023 – “Strange Feeling of Existential Angst” – e andam a apresentá-lo em tour. A Irreversível apanhou o trio, primeiro no Party.Sleep.Repeat. pelo Gonçalo Morgado, “O último disco fez-me afundar no tapete ao estilo do Renton no primeiro Trainspotting…” e depois no Chavalos de Corrida. Nesta segunda ocasião foi o momento certo para trocar umas palavras com Carlos de Jesus, guitarra, voz & outros.


(…) se uma pessoa quer ouvir a versão de estúdio, que ouça em casa.

Carlos de Jesus / Sunflowers

Irreversível – Olá Carlos! Muito obrigado pela disponibilidade para esta conversa e parabéns pelo novo trabalho “Strange Feeling of Existential Angst“. Confesso que me soou ainda melhor ao vivo… Os Sunflowers por vezes, em certos gigs, já tinham um 3º elemento (no baixo), mas agora passaram mesmo a Trio… Foi um processo natural ou foi algo muito pensado?
Sunflowers / Carlos – Obrigado, obrigado! Ficamos muito contentes com o resultado do disco. Passar de duo a trio foi bastante natural, principalmente com o Fred. Já nos conhecíamos e tínhamos tocado juntos várias vezes, chegou a uma altura em que eu e a Carolina queríamos fazer algo mais fora da caixa (para o nosso caso, claro), principalmente eu que queria ficar livre para fazer outros apontamentos sem perder a estrutura da música, foi aí que ter um baixista se tornou essencial.

Irreversível – Como está a decorrer a tour de apresentação do “Strange Feeling of Existential Angst” e quais as expectativas para o que ainda falta?
Sunflowers – Muito contentes com a recepção que estamos a ter. Estivemos parados durante algum tempo e tínhamos algum receio que as pessoas se tivessem “esquecido” de nós, mas muito pelo contrário, as pessoas estão a gostar e a curtir as músicas, mesmo comentando que estão diferentes dos nossos trabalhos anteriores. Também está a ser muito divertido descobrirmos o que podemos fazer com as músicas ao vivo!

Irreversível – Quem assiste aos vossos concertos verifica facilmente que há muito nervo enquanto tocam. Esse nervo nasce logo no processo criativo ou é algo que vai crescendo conforme as músicas vão evoluindo nos palcos?
Sunflowers – Há nervo que vem da composição e há nervo que adicionamos mais tarde na gravação e mistura – tudo depende de como a música nasce, na verdade… Ao vivo as músicas vão-se transformando, tentamos sempre que seja uma experiência diferente ao vivo e em estúdio, porque se uma pessoa quer ouvir a versão de estúdio, que ouça em casa. Também jogamos muito com a interação e energia do público, havendo certas músicas que se guiam pelo ambiente à sua volta

Irreversível – Qual é o conceito por detrás do título “Strange Feeling of Existential Angst“?
Sunflowers – Assim como aconteceu a muita gente, a pandemia foi bastante desgastante na nossa saúde mental e questionamos mesmo se valia a pena continuar com o projecto… Depois começamos a escrever músicas novas e percebemos que temos a plataforma perfeita para expulsar alguns demónios e foi isso que fizemos, pegamos nos sentimentos que tínhamos a borbulhar dentro de nós e construímos músicas com o intuito de serem veículos de libertação emocional.

Carlos de Jesus / Sunflowers | foto © Renato Costa


Irreversível – Quais as maiores diferenças em Sunflowers desde o vosso primeiro EP, que foi gravado em casa, até este disco em 2023? Já fizeram essa avaliação?
Sunflowers – Aprendemos a tocar, a gravar e a compor um nadinha de nada melhor (risos), mas acho que as diferenças são óbvias, na verdade. Aprendemos muito que velocidade não é andamento, e que podemos ir buscar intensidade à vibe geral das coisas e não só ao peso e distorção da música.

Irreversível – O que é em concreto o “Cão da Garagem“?
Sunflowers – O Cão da Garagem na sua génese era uma editora, que teve uma mutação para um colectivo de artistas que se entreajudam dentro das suas possibilidades. Agora tem estado parado, mas nunca sabemos bem o seu futuro.

Irreversível – Quais são as vossas fontes de inspiração?
Sunflowers – Há muitas coisas que nos inspiram… outras bandas e artistas, livros, experiências na estrada, sentimentos e emoções… Tudo pode ser uma inspiração se mantivermos os olhos, os ouvidos e, mais importante, a mente aberta.

Irreversível – Pessoalmente detesto rotular bandas. É quase sempre limitativo, mas por vezes é necessário fazê-lo. Se tivessem de explicar o tipo de som que fazem, como o descreveriam?
Sunflowers – Opa, tenho sempre este problema na altura de fazer press kits… Eu costumo meter psych punk, noise pop e art punk, mas sei bem que engloba muito mais que isto.

Irreversível – O que é irreversível?
Sunflowers – Epá tanta coisa, mas nem vou entrar por aí (risos), vou escolher a mistura de água e cimento em pó (risos). Se bem que há consequências da crise climática que estão perto de ser irreversíveis, se já não o são!

Carlos de Jesus / Sunflowers | foto © Renato Costa


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