O álbum de estreia dos Velha Condessa, auto-intitulado, é editado hoje.
Formados em 2014, os Velha Condessa – Diogo Castelo Branco, Francisco Braga, João Bento, Lopo Caldeira Marques e Pedro Patrício – começaram a dedicar-se a tempo inteiro aos trabalhos originais apenas em 2019. Em 2022, surgiram os primeiros originais ao vivo e no fim desse ano decidiram levá-los para estúdio. O álbum foi gravado nos estúdios Blacksheep, entre novembro e dezembro de 2022, sob a orientação de Carlos BB e Francisco Dias Pereira, misturado também por Francisco Dias Pereira e masterizado por Guilherme Gonçalves. A capa dos singles e do álbum foi concebida por Carlota Castro Mendes, e o videoclipe do primeiro single – “Já Chegámos + Não Pode Ser Assim” – contou com a realização de Eduardo Sousa e João Correia.
Com 3 singles já a rolar dos Velha Condessa, a Irreversível foi em busca de algumas respostas que apresentamos neste dia do lançamento do disco de estreia:
(…) a nossa ideia é de que se assistirem a dois concertos nossos, vão ter duas experiências diferentes.
Velha Condessa
Irreversível / Francisco Barros – Olá, muito obrigado pela disponibilidade para esta entrevista e parabéns pelo disco. Qual foi a motivação para a criação deste projecto?
Velha Condessa – Na sua origem, os Velha Condessa eram um grupo de amigos que se juntavam para tocar músicas que gostavam. Um projeto em que o foco passava por fazer uma lista de músicas, aprender/ensaiar e tocá-las ao vivo em festas e concursos. Simplesmente cinco amigos motivados pela sua paixão pela música. Mais tarde, começámos a querer exprimir mais de nós e a questionar porque não procurar criar algo nosso. Há um ano gravámos o nosso primeiro álbum que vai ser lançado este mês e do qual já lançámos três singles; no fundo, o nosso amadurecimento pessoal levou-nos a querer um aprofundamento maior da nossa experiência musical como grupo. Isso foi-se manifestando nas músicas e composições que fomos criando.
Irreversível – Existe algum conceito por detrás de “Velha Condessa”, quer o projecto, quer o álbum homónimo?
Velha Condessa – Não existe propriamente um conceito definido, no entanto, “Velha Condessa” resulta de um somatório de cinco músicos com formações distintas. Esta junção acaba por originar uma sonoridade e um estilo de composição pouco ortodoxo que por sua vez leva a criar, inconscientemente, a ideia de um conceito, sendo esta a condição que levou à decisão de ser um álbum auto-intitulado.
Irreversível – Como foi o vosso processo criativo para a criação das composições e como decorreu depois a gravação?
Velha Condessa – O nosso processo criativo varia de música para música. A composição pode começar através de uma ideia que alguém trouxe, improvisações em banda, emoções/sensações que queiramos transmitir, ou até mesmo uma ideia de letra, ou uma história que queiramos contar. Mesmo assim, independentemente do processo inicial de composição, tentamos sempre fechar a estrutura primeiro, para nós, este método parece-nos mais organizado e facilita-nos o resto do processo.
A gravação do disco aconteceu no Blacksheep Studios, em Mem Martins. Fomos para estúdio com as músicas praticamente fechadas, tivemos um concerto no Titanic Sur-De-Mer, no Cais do Sodré, na semana anterior, que acabou por consolidar a ideia de que as obras estavam prontas para ser gravadas. O nosso produtor, o Francisco Dias Pereira, ajudou-nos bastante a definir e a destacar a nossa sonoridade. O processo de gravação foi uma das melhores experiências da banda, tínhamos uma semana para gravar 7 músicas, e mesmo assim ainda tivemos tempo no último dia para gravar o tema “Morrer Melhor” para terminar o álbum, que não estava planeado.
Irreversível – Esperam alguma evolução nas músicas do novo disco quando as tocarem ao vivo?
Velha Condessa – Sem dúvida! Adoramos tocar ao vivo e uma das principais razões tem a ver com o facto de prepararmos cada concerto como um espetáculo único. Compomos músicas para as apresentar no maior número de palcos possível e a nossa ideia é de que se assistirem a dois concertos nossos, vão ter duas experiências diferentes.
Irreversível – Quais são as tuas/vossas fontes de inspiração?
Velha Condessa – As diferentes formações musicais de cada membro acabam por trazer fontes de inspiração bastante diferentes, desde o metal progressivo, ao jazz, passando pela música clássica. Se tivermos de ser comparativos, diríamos que bandas como The Beatles, Pink Floyd e Ornatos Violeta são as principais influências para este álbum.
Irreversível – Pessoalmente detesto rotular artistas ou bandas, é quase sempre limitativo, mas por vezes é necessário fazê-lo. Se tivesses/tivessem de explicar o tipo de som que fazem, como o descreveriam?
Velha Condessa – O tipo de som que fazemos é um pouco difícil de rotular, mas achamos que se enquadra no rock alternativo. Como dissemos previamente, a nossa sonoridade vem de um misto de géneros que cada elemento da banda traz, por isso é o resultado de uma combinação elementos tradicionais do rock com traços progressivos e mais experimentais inspirada pela estética do rock progressivo dos anos 70 e rock português dos anos 90. Uma das maiores e mais recorrentes críticas que nos dão é que ao ouvir o nosso álbum cada música é diferente, o que evita que o álbum seja repetitivo, ou cansativo.
Irreversível – O que é irreversível?
Velha Condessa – O nosso gosto pela música e por apresentar as nossas obras ao vivo nunca mudará, assim como iremos sempre compor músicas que queremos ouvir e gostamos de tocar.
Para além disso, a ligação que criámos enquanto amigos e músicos ao desenvolver este projecto em conjunto é irreversível.
Os Velha Condessa apresentam o novo disco no dia 25 de Janeiro no Musicbox
*foto de capa © Eduardo Sousa