El Señor, Astrodome e Dead Club, levaram o palco e as colunas ao limite numa noite sem filtros, como tem de ser no “Irreversível em CRU”.
Na noite de 3 de maio, o CRU: Espaço Cultural, numa coprodução com a Irreversível, abriu portas para mais uma edição do Irreversível em CRU, mas desta vez Ao Vivo e aberto ao público. Três concertos que demonstraram que a cena independente nacional não vive de likes, stories ou views. Vive de salas bem compostas, de gente a curtir, atmosfera afetiva e de som no(s) limite(s).
O que se viveu nesta noite foi um prolongamento natural daquilo que é o Irreversível em CRU, um projeto que celebra o improviso, a intimidade sonora, e a liberdade criativa, assim como se quer autêntico e espontâneo. Sem retoques, sem artifícios, em instantes que não se repetem.
Os El Señor iniciaram a noite e, com temas como “This City” – oferecido à Irreversível no episódio que lhes foi dedicado – a banda mostrou que ruído, intensidade permanente, refrões orelhudos e genuinidade, são compatíveis e podem coexistir. Ao vivo, o som do trio ganha mais corpo, o gig é sempre vigoroso, e a cidade que eles desenham soa sempre maior, mais cool, do que a que conhecemos.

Seguiram-se os Astrodome, numa espécie de fuga cósmica e psicadélica, feita de riffs e baterias em combustão. Em palco, a banda torna-se um organismo singular, que se expande, instalando-se completamente quer no espaço físico, quer nas mentes e consciências. Foi um reflexo do que fizeram na estreia das emissões do Irreversível em CRU, mas agora com suporte e o calor de um público rendido que ovacionou a banda e pedia sempre mais um encore.

A fechar, os Dead Club trouxeram o lado mais obscuro e o peso industrial da noite. Com uma presença determinada e inabalável, deixaram claro naquele palco que tudo vale pela música. Dead Club vibra sempre num tom verdadeiro, tudo parece tremendamente natural e sem esforço entre a dupla, é musica que transpira diretamente das veias e contagia quem estiver disponível para desfrutar do que eles nos tem para oferecer. Já o mesmo tinha acontecido na inesperada emissão do Irreversível em CRU.

As Polaroids desta noite, como o som que ficou nos ouvidos, não mentem. E se o Irreversível em CRU é feito de retratos brutos do que a música pode ser quando se despe, então esta 1ª Edição Ao Vivo foi mais um instante honesto. Sem adornos. Como tem de ser.
O Irreversível em CRU conta com o apoio da ESRádio, a antena onde todas as sessões são emitidas.
Todas as fotos © Sérgio Davide
(a quem agradecemos toda a disponibilidade e vontade em participar neste projecto)
Agradecer por todo o trabalho, disponibilidade e vontade, à dupla de técnicos João Rui & David Paiva.
Reel:
“Em Cru?”
Reel:
“Tens algo a dizer?“
Ambos com as 3 bandas e alguns elementos da produção