Madmess:
Relatos de uma tour europeia e novo disco na calha!
Os Madmess andaram em tour europeia, pelo meio passaram no Sonic Blast, onde os apanhamos para uma entrevista de improviso, despretensiosa e em cru, gravada no meio do recinto. Entretanto, como a conversa no Sonic Blast soube a pouco, desafiamos o trio para uma nova entrevista, entre o gig no Inferno das Febras e a próxima data do ciclo Aspirina no Maus Hábitos.
Mais do que me perder em considerações sobre o Heavy Psych–Stoner–Rock que os Madmess desconstroem, fica o desafio de se cruzarem com eles ao vivo, assim como, compreenderem melhor de onde vem a “Loucura” com as linhas que se seguem:
Foi um mês e meio de muito rock, com 23 concertos em 6 países diferentes (…)
Madmess
(…) gostamos de experimentar temas novos ao vivo antes de os gravar.
Madmess
Irreversível – Olá malta, obrigado pela disponibilidade para esta entrevista. Estivemos juntos no Sonic Blast onde fizemos uma entrevista bastante improvisada, agora, com outra disponibilidade, quer para perguntas, quer para as respostas, arranco perguntando quais foram as vossas principais sensações e dificuldades da recente tour europeia?
Madmess – Antes de mais, obrigado Francisco e Irreversível por esta entrevista! Relativamente à nossa tour, acho que podemos todos dizer que foi uma experiência inesquecível! Como sabes, já tínhamos tentado marcar outras tours no passado, mas com o aparecimento da pandemia fomos obrigados a cancelar. Portanto, só nos caiu a ficha que íamos realmente em tour europeia uma semana antes de partir… um sonho nosso que se tornou realidade. Foi um mês e meio de muito rock, com 23 concertos em 6 países diferentes, um teste à nossa resistência, mas que encheu os nossos corações de uma maneira nunca antes experienciada. Com isto podemos dizer que as nossas maiores dificuldades foram, sem dúvida, os 11.000 km que fizemos em pleno pico de verão, muitas vezes acima dos 35 graus Celsius, e uma alimentação não muito favorável baseada maioritariamente em sandes e fast-food, em bombas de gasolina ou estações de serviço.
Irreversível – Notaram muitas diferenças entre os públicos por essa Europa? Nomeadamente entre aquilo que acontece em Portugal?
Madmess – Sim, muda bastante consoante o país, na realidade. Podemos dizer sem qualquer dúvida alguma que nada bate o público alemão. Nunca tivemos tanto apoio de um só país como tivemos lá. Simplesmente fascinante! Mas, não desprezando o nosso público incrível aqui em Portugal. Soube tão bem chegar ao Sonic e tocar para tantas caras conhecidas. Uma verdadeira família do rock tuga!
(…) espera por notícias em breve relativamente ao novo disco!
Madmess
Irreversível – Os Madmess não lançam um novo disco já há algum tempo. Existe alguma coisa a ser preparada para breve? Contem-me tudo…
Madmess – Sim, já lá vão quase 3 anos desde que lançamos o “Rebirth”, mas é importante salientar que todos os nossos álbuns foram gravados no País de Gales, devido à nossa emigração precoce para o UK em 2018. Houve bastantes mudanças nas nossas vidas com o aparecimento da pandemia e do Brexit, que afetaram a banda diretamente, o que fez com que tivéssemos de mudar de país e fazer mudanças na formação e no som da banda. Foi só no ano passado que o Pedro entrou para a bateria e finalmente voltamos ao ataque. Concluindo, o novo disco em que estamos a trabalhar já foi gravado em Portugal no Hertzcontrol Studio em Caminha, com o Marco Lima, e está neste momento, quase quase, a seguir para mastering. Portanto, espera por notícias em breve relativamente ao novo disco!
Irreversível – Como desenvolvem o vosso processo criativo para a criação dos temas e qual a importância dos palcos nesse processo?
Madmess – O nosso processo criativo baseia-se muito nas ideias melódicas/riffs do Sampaio. Normalmente ele traz umas ideias soltas para os ensaios e através de jams e improvisação alinhamos as peças do puzzle à nossa maneira. Temos um processo criativo longo e cheio de incertezas, há sempre mudanças em estruturas e partes até ao último minuto. Algo de que não nos conseguimos livrar. Mas, isso faz parte do que Madmess é. Uma banda livre para criar e inovar através do experimentalismo.
Madmess @ Sonic Blast 2024 © Pulsar
Irreversível – Existe alguma evolução nos temas quando os apresentam ao vivo?
Madmess – Nós gostamos de experimentar temas novos ao vivo antes de os gravar. É quase como um teste à reação do público relativamente ao novo conteúdo. Já aconteceu de tocarmos certos temas ao vivo que acabaram por ser alterados mais tarde. Os palcos são também importantes para isto. Mas quando tocamos ao vivo tentamos recriar o som dos nossos álbuns o melhor possível. Há sempre partes que são abertas à improvisação, principalmente os solos do Sampaio, o que também torna o set fresco e inesperado. Ocasionalmente, também adicionamos uma cover à set list.
Irreversível – Quais são as vossas fontes de inspiração?
Madmess – Todos temos um grande amor pela música feita nas décadas de 60 e 70. O ponto alto do Rock na nossa opinião! Uma era de onde tiramos inspiração diariamente e que nos moldou, desde adolescentes, a ser o que somos hoje. Desde o psych ao prog e do southern ao kraut nós curtimos de tudo um pouco, e daí inspiramo-nos nesses estilos e exploramos as sonoridades que nos agradam para o nosso projeto. Temos também influências dos últimos 20 anos com o aparecimento do Psych/Stoner/Rock, revival dos anos 00’, com bandas como Dead Meadow, Earthless, Elder e Samsara Blues Experiment, mencionando apenas algumas das grandes bandas que surgiram nesta época. O que faz com que o som de Madmess seja influenciado não só pelos grandes 60s e 70s, mas também por outras fontes mais atuais. Daí resultar numa mescla de sonoridades entre o passado e o presente.
Irreversível – Pessoalmente detesto rotular artistas ou bandas, é quase sempre limitativo, mas por vezes é necessário fazê-lo. Se tivessem de explicar o tipo de som que fazem, como o descreveriam?
Madmess – Acho que somos uma banda difícil de pôr em gavetas visto que o nosso som é bastante livre nesse aspeto, mas podemos dizer que gostamos de ser reconhecidos como uma banda de Heavy Psych rock. Temos vertentes mais stoner e outras mais rock progressivo, mas achamos que o psych engloba um pouco de tudo o que fazemos e dá-nos a liberdade de criar sem limites. A vertente psicadélica é o nosso forte digamos.
Irreversível – Normalmente a última pergunta é sempre “O que é irreversível?”. Mas, vocês já me responderam a isso no Sonic Blast, por isso, para fechar esta entrevista pergunto:
Se me convidassem para jantar, sendo que seriam vocês a cozinhar, o que estaríamos a ouvir durante a preparação?
Sampaio – Sweet Smoke | “Just a Poke”
Pedro – Alfa mist | “Antiphon”
Vasco – Grand Funk Railroad | Red Album
Foto 1:
Madmess @ Inferno das Febras
© Foto.Morfose
Foto 2:
Madmess @ Krach am Bach
© cao_do_mato96
* Foto de capa do artigo:
Madmess @ Sonic Blast 2024 © Pulsar
Madmess:
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