PORTO/POST/DOC ARRANCA ESTA SEXTA-FEIRA
O Porto/Post/Doc – Festival Internacional de Cinema regressa entre 22 e 30 de Novembro com uma programação alicerçada numa visão plural do cinema que aborda questões culturais, sociais e políticas contemporâneas.
ABERTURA E ENCERRAMENTO
A marcar a abertura a estreia de Apocalipse nos Trópicos, o mais recente filme de Petra Costa, que explora a interseção alarmante entre religião e política no Brasil, revelando o papel crucial do movimento evangélico na ascensão de Jair Bolsonaro à presidência. O encerramento será marcado pela exibição de An Urban Allegory, filme resultante da colaboração entre Alice Rohrwacher e o artista plástico JR.
COMPETIÇÃO INTERNACIONAL
No campo competitivo uma palavra para a Competição Internacional, que destaca produções de cineastas de várias partes do mundo. Em Tardes de Solidão, Albert Serra mergulha na complexidade emocional de um toureiro, oferecendo uma reflexão sobre a mortalidade e o ciclo da vida. Já O Jardim Negro, de Alexis Pazoumian, explora a resiliência das vidas moldadas pela constante ameaça de conflito em Nagorno-Karabakh. Em Bogancloch, Ben Rivers capta a vida isolada de um eremita nas Terras Altas da Escócia, onde a natureza e o tempo parecem desafiar a realidade moderna. Na Côte d’Azur, E.1027 – Eileen Gray e a Casa junto ao Mar (Beatrice Minger, Christoph Schaub) traça um retrato poderoso da designer e pioneira que desafiou convenções.
No interior das Altas Horas da Noite, Daniel Hui explora o espaço opressivo de uma Singapura em formação, questionando a identidade nacional e a repressão. Por outro lado, Fragmentos de Gelo, de Maria Stoianova, e Okurimono, de Laurence Lévesque, oferecem uma viagem ao passado pessoal e coletivo, refletindo as marcas deixadas pelo pós-sovietismo e pelo trauma nuclear de Nagasaki. Em Os Apartamentos, de Alessandra Celesia, a memória do conflito norte-irlandês é revisitada, revelando as feridas e histórias que moldaram a Belfast de hoje.
Audição Preventiva, de Aura Satz, desafia-nos a ouvir as ameaças do futuro através das sirenes de alerta, enquanto O Regresso do Projecionista, de Orkhan Aghazadeh, capta a magia do cinema numa aldeia remota, onde duas gerações se unem para trazer a luz do cinema à sua comunidade.
FOCOS E PROGRAMAS ESPECIAIS
O festival portuense apresenta o programa A Europa Não Existe, Eu Estive Lá, onde explora narrativas e perspectiva sobre os valores fundacionais da Europa, enquanto no programa de foca destaca o cinema de Salomé Jashi, cineasta georgiana, cuja obra reflete o contexto sociopolítico do país onde nasceu e vive. A realizadora estará no Porto para apresentar as sessões e orientar uma masterclasse.
Em Cinemateca Ideal dos Subúrbios do Mundo convida-se a refletir sobre as margens e a diversidade das cinematografias globais, num programa que olha as histórias e vidas das zonas que rodeiam as grandes cidades. Serão mostrados filmes de Basil da Cunha, Alice Diop e Meryem-Bahia Arfaoui, entre outros. Já a parceria com a Mostra Espanha e o programa Tour d’Europe amplia a diversidade de vozes e estilos presentes no festival, com uma seleção que compila alguns dos melhores títulos do cinema europeu dos últimos anos. Neste âmbito serão mostrados filmes de Vitaly Mansky, Jonas Trueba, Elena López Riera, entre outros.
Num desafio partilhado com o Curtas Vila do Conde, Antes de Depois apresenta o cinema de nomes incontornáveis como Rainer Werner Fassbinder, Danièle Huillet, Jean-Marie Straub, Jean Vigo ou Eugene Green.
DIÁLOGOS ARTÍSTICOS E CULTURA POP
A conectar o cinema com a música, a secção Transmission com propostas em torno do trabalho de artistas como os Abba, Pavement, Brian Eno, Lee Ranaldo, Expresso Transatlântico. Num olhar sobre pessoas que marcam a linguagem da cultura popular mundial e local, estreiam pelas salas do festival: Ernest Cole: Lost and Found, sobre o icónico fotógrafo sul africano; Caixa de Resistência sobre o cineasta espanhol Fernando Ruiz Vergara e Ken Jacobs – From Orchard Street to the Museum of Modern Art, sobre a incontornável referência do cinema experimental; e Stop. Salas de ensaio para um materialismo histórico filme que revisita a história do centro comercial que é ponto cultural da cidade do Porto.
Numa ponte com as artes visuais, o programa Engawa, curado por Julian Rossa do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, onde se descobrem três vozes proeminentes da arte contemporânea japonesa que trabalham com filme e vídeo.
Nos momentos ao vivo, duas propostas: a estreia em live-act de VOICE ACTOR e o cine-concerto de Alex FX para A Paixão de Joana D’Arc, de Carl Theodor Dreyer.
EDUCAÇÃO E PROGRAMA PARA FAMÍLIAS
O festival também busca formar futuros cineastas e entusiastas do cinema com o programa 180 Media Academy, além das Masterclasses que trazem profissionais para partilhar conhecimentos, experiências e reflexões com o público. Destacam-se as masterclasses de Salomé Jashi, que abordará a sua visão do cinema documental, e de Meryem-Bahia Arfaoui, que partilhará o seu percurso e prática cinematográfica. Uma nota ainda para o cinema imersivo a ter lugar no Planetário do Porto e para a sessão famílias no primeiro sábado do festival.
CONVERSAS
Em paralelo com as exibições, o Porto/Post/Doc apresenta dois espaços de conversa: Europa procura-se, com Ana Gomes, Dima Mohammed e Ricardo Alexandre; e Ideias para um futuro presente com Isilda Sanches, Luísa Semedo, Orfeu Bertolami e Wandson Lisboa.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
BILHETEIRA
Destaques Irreversível:
Toda secção Transmission: “Uma volta ao mundo para retratar a música nos seus mais diversos contextos. Seja como resultado de casamentos criativos – e românticos – ou como um grito de liberdade e insubmissão. Como gesto político, como um tesouro preservado por um colecionador apaixonado, ou como o resultado da mais pura experimentação e de processos criativos únicos. Por meio de registos no palco ou no estúdio, usando materiais de arquivo raros ou entrevistas inéditas, os sete filmes buscam contar novas histórias a partir da música.”
Destaque para a exibição em especifico de:
“Sur La Stre Nuro – Na Corda Bamba: Diálogos sobre o Experimentalismo Sonoro em Portugal“
Artigo Irreversível
“Teaches of Peaches”
Música, produtora, realizadora e artista performática queer feminista, a icónica Peaches passou quase duas décadas a quebrar barreiras e a exercer uma influência incomensurável sobre a cultura pop.
Centrado na digressão de aniversário de “The Teaches of Peaches”, o seu segundo álbum, ficamos a saber como Peaches deixou uma marca indelével na cultura popular.
“Stop. Salas de ensaio para um materialismo histórico“
A curta-metragem documental, de Jorge Quintela, explora a transformação ao longo das décadas do Centro Comercial Stop no Bonfim, Porto, enquadrando a sua história na crítica
materialista proposta por Walter Benjamin no seu Livro das Passagens.