Seis anos de Malfeito numa festa de três dias. O Ano Malfeito está de volta a Fafe entre os dias 6 e 8 de Abril. Onze projectos vão ocupar dois espaços da cidade, num evento que celebra mais um ano de actividade da promotora fafense.
Os eventos Malfeito são já uma marca que indica o melhor que se faz no Rock (e outros) em Portugal. É notória a aposta em artistas emergentes que depois se acabam por afirmar em outros palcos, assim como passam por Fafe alguns projectos já cimentados da cena indie/underground nacional.
Com um cartaz Irreversivelmente apelativo, num evento fora dos habituais circuitos urbanos, não perdemos a oportunidade de conversar com Guilherme Pinto dos Santos, director artístico da Malfeito:
Tanto estás à espera que o próximo concerto comece, como te vês no meio de um brinde, qual furacão, e estás a beber bagaço com a banda que acabou de sair do palco.
Irreversível – Olá Guilherme, muito obrigado pela disponibilidade para esta entrevista. Só tenho boas memórias das idas à Malfeito. Como surgiu esta iniciativa de ter um festival de música em Fafe?
Guilherme Pinto dos Santos – Olá Francisco. Obrigado por nos receberes. A ideia nunca foi propriamente criar um festival, nem sei se é isso que lhe devemos chamar, embora, este ano, o Ano Malfeito se tenha
alargado a dois espaços da cidade, também com propostas durante a tarde. A Malfeito surgiu porque um
grupo de amigos entendeu que Fafe poderia receber concertos de bandas emergentes, alguns projectos que admirávamos e acompanhávamos, e que nos faziam muitas vezes ir a outras cidades. Esta vontade acabou por coincidir com a receptividade do Café Avenida em acolher concertos, e a coisa começou por aí, um bocado às cegas. Acabamos por ficar um pouco surpreendidos com a quantidade de pessoas que apareciam, com o público que conseguimos manter e cativar, e que demonstrou que havia, em Fafe, muita gente interessada em participar em propostas culturais com um foco mais alternativo. A ideia do Ano Malfeito, inicialmente, foi só fazer uma festa que celebrasse a música em que acreditávamos e que marcasse o nosso primeiro ano de actividade, juntando toda a gente que nos tinha vindo a acompanhar na programação regular. Para a diversão, mesmo! A partir daí, continuamos, todos os anos, a fazer o aniversário acontecer. Foi evoluindo, dentro dos possíveis, em 2022 passamos de dois para três dias e, como já referi, este ano teremos mais um palco.
Irreversível – Quais são as motivações para organizar o Ano Malfeito e quais são as vossas expectativas?
Guilherme Pinto dos Santos – A motivação é continuarmos a gostar muito de fazer isto, e se continuamos a gostar muito disto é porque a malta continua a aparecer e a sentir-se identificada com o que fazemos. É uma luta, mas é sempre bom ouvirmos os elogios que temos ouvido ao longo dos tempos, pessoal que acha que o que fazemos lhes mudou de alguma forma a vida e a maneira como vêem ou consomem música. Expectativas? Ter muita gente, calor humano em alta, e usufruírem todos muito deste momento. Divirtam-se imenso.
Irreversível – Quais os maiores destaques na programação desta edição?
Guilherme Pinto dos Santos – A nossa lógica foge um bocado à cena dos “cabeças de cartaz”, como aliás é perceptível no programa que se apresentou, por isso vou falar um pouco de tudo. Há um momento que consideramos especial, que é o regresso dos 800 Gondomar. Antes do hiato, deram dois concertos memoráveis (por várias razões) na Malfeito e estamos muito orgulhosos por termos o exclusivo da reunião. Depois, os singulares Unsafe Space Garden, uma das mais cativantes bandas que têm surgido em Portugal, com álbum novo quase a sair (esperamos que nos dêem um cheirinho). Os Solar Corona chegam-nos com um incrível “Pace”, um dos discos de 2022, antes de seguirem para uma tour europeia. A parede de som dos Summer of Hate, sempre num duelo entre a melodia e o noise, vai surpreender muita gente. Os Maquina têm criado um burburinho pelas performances intensas e hipnóticas, e vão certamente dar grande show. Hetta é para partir, pós-hardcore caótico, rápido e fugaz, tocado num piscar de olhos. Acaba e pronto. Os Mike Vhiles fazem em Fafe uma das primeiras datas de apresentação do disco novo, barulhento e afiado, como manda a lei. Temos, também, uma novidade: uma proposta de programação, com curadoria da Favela Discos, que dá palco a projectos mais experimentais e exploratórios. Last but not the least, o mítico A Boy Named Sue e a promissora Cadê Carol nos DJ sets.
Irreversível – Que elementos diferenciadores tem o Ano Malfeito?
Guilherme Pinto dos Santos – Sem falar de programação, acho que o que se distingue é o ambiente amigável e de proximidade que se vive entre público, artistas e organização. Há uma onda de comunidade, de encontro, de contacto, de amor à música e a esta coisa de viver. Tanto estás à espera que o próximo concerto comece, como te vês no meio de um brinde, qual furacão, e estás a beber bagaço com a banda que acabou de sair do palco.
Irreversível – Que tipo de obstáculos encontram para a realização do festival?
Guilherme Pinto dos Santos – Dinheiro. É bom que se vendam muitos bilhetes.
Irreversível – O que é irreversível?
Guilherme Pinto dos Santos – O tempo. É fazê-lo render.
CAFÉ AVENIDA:
Dia 6
22:30 – Mike Vhiles
00:00 – Cadê Carol
Dia 7
22:00 – Maquina
23:00 – Unsafe Space Garden
00:00 – 800 Gondomar
Dia 8
22:00 – Solar Corona
23:00 – Summer of Hate
00:00 – Hetta
01:00 – A Boy Named Sue
VERDE PINHO:
Curadoria Favela Discos
Dia 7
17:00 – David Ole
Dia 8
17:00 – Nuno O & Vasco da Ganza
Os bilhetes para o Ano Malfeito encontram-se disponíveis em bol.pt e espaços aderentes (Fnac, Worten, CTT, El Corte Inglés).
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