No dia 21 de Março, os Verbian apresentam ao vivo o novo álbum “CASARDER“, no IODO – Porto, num concerto especial com músicos convidados.
Deixar a “casa arder” para que a criação não seja sufocada pela autocrítica. É assim que os Verbian encaram CASARDER, um disco onde reconhecem que o maior desafio para um artista pode estar em si próprio. Composto e gravado num processo profundamente colaborativo, o álbum reflete a urgência de avançar sem receios e explorar novos territórios. Editado com selo da norte-americana Lost Future Records, este disco marca um novo capítulo na sonoridade da banda.
A apresentação ao vivo não será uma mera transposição do disco para o palco, será antes uma reconstrução. No dia 21 de Março, no IODO – Porto, a banda sobe ao palco num formato inédito, acompanhada por um trio de sopros e um percussionista. Num espaço intimista e num espírito DIY, prometem um concerto onde a espontaneidade fará parte da experiência.
Em conversa com a Irreversível, Vasco Reis, Alexandre Silva e Guilherme Gonçalves, falaram sobre o novo disco, as suas inspirações e a forma como o tempo, e o som, não se repetem.
Este álbum, para nós, mais uma vez acabou por nos levar para novos territórios sonoros. Se não for assim, nem vale a pena.
Irreversível – Olá malta, obrigado pela disponibilidade para esta entrevista e parabéns pelo novo disco “CASARDER“. Quais foram as vossas principais sensações, motivações e dificuldades, para este novo lançamento?
Verbian – CASARDER representa uma evolução natural do nosso percurso musical. Sentimos uma necessidade intrínseca de explorar novas sonoridades e de nos desafiarmos enquanto banda. Estamos sempre motivados a criar algo autêntico e que reflita as nossas experiências e influências atuais. Quanto às dificuldades, o processo criativo é sempre repleto de desafios, desde a composição até à produção, mas também são essas dificuldades que tornam entusiasmante o processo de criação. Uma dessas dificuldades da qual conseguimos tornar parte positiva da nossa identidade musical é o facto de sermos apenas três e querermos parecer que somos mais do que três pessoas em palco. Cada obstáculo superado contribuiu para o crescimento deste projeto.
Irreversível – Existe um conceito por detrás de “CASARDER”?
Verbian – Sim, CASARDER é um reconhecer que nós próprios, como músicos e criadores, somos o nosso maior obstáculo e, de certa forma, acabamos por nos auto-sabotar.
Este álbum é aceitar e deixar a “casa arder” e não sermos tão autocríticos, porque chega a um ponto em que o processo não avança e, por medo – seja lá do que for – aquela ideia que nos apareceu e pareceu boa nunca chega a ser realizada. Mas, como banda, sempre nos propusemos a tentar criar a melhor música que nos é possível, dentro das nossas capacidades. Este álbum, para nós, mais uma vez, acabou por nos levar para novos territórios sonoros. Se não for assim, nem vale a pena.
Irreversível – Como foi o processo criativo para a criação das composições e como decorreu depois a gravação?
Verbian – O processo criativo foi bastante colaborativo. Cada membro trouxe as suas ideias e influências, resultando numa fusão de estilos e sonoridades. As composições foram desenvolvidas em sessões de improvisação e refinadas ao longo do tempo. Parte dessa experiência passa também por experimentar tocar as músicas ao vivo para as “testarmos” – e fizemos isso com todas as músicas deste álbum.
A gravação ocorreu no Estúdio Caos Armado, em São João da Madeira, onde trabalhámos com o engenheiro de som Daniel Valente, que também co-produziu o álbum connosco.
Foi diferente dos álbuns anteriores no sentido em que gravámos inicialmente todas as músicas ao vivo no estúdio, para tentar recriar um pouco da nossa orgânica de concerto. A partir dessa base, fomos construindo o resto do álbum.

Essa consciência da irreversibilidade do tempo inspira-nos a criar música que capture a essência do presente, sabendo que cada performance é singular e efémera.
Irreversível – O que podemos esperar dos vossos concertos? Serão apenas CASARDER, ou vamos poder ouvir outras músicas do universo de Verbian? Pergunto ainda se existirá alguma evolução nos temas quando os apresentarem ao vivo?
Verbian – Nos nossos concertos, além das faixas de CASARDER, gostamos de revisitar temas dos nossos trabalhos anteriores, como IRRUPÇÃO, num futuro muito próximo.
Gostamos de interpretar os concertos como novas oportunidades de pensar as nossas músicas, acrescentando partes novas ou mesmo fazendo ligações entre músicas – e normalmente essas ideias vêm até nós no último ensaio antes de qualquer concerto, o que é sempre arriscado.
Aproveitamos para falar do nosso concerto de apresentação do novo álbum CASARDER, onde vamos ter a oportunidade de fazer algo especial. Vamos ter connosco, em palco, mais quatro músicos: um trio de sopros e um percussionista, o que nos levou a pensar nas músicas de forma diferente. Estamos muito entusiasmados para este evento.
Os nossos amigos da IODO abriram-nos as portas para este evento, que vai ser num registo DIY. Vai ser divertido porque vamos estar rodeados de amigos a ajudar no evento, vai ser num espaço único e não há melhor maneira de celebrar o lançamento do álbum.
Irreversível – Quais são as vossas fontes de inspiração para Verbian?
Verbian – As nossas inspirações são variadas e provêm de diferentes áreas. Musicalmente, somos influenciados por géneros como post-metal, rock progressivo e música experimental. Além disso, a literatura, a arte visual e as experiências pessoais desempenham um papel crucial na nossa criação artística. Mas, principalmente, a nossa inspiração vem da interação entre nós os três.
A maior prova disso foi a entrada do Guilherme na banda em 2022 – trouxe uma dinâmica diferente, e isso traduziu-se neste álbum.
Irreversível – Pessoalmente, detesto rotular artistas ou bandas, é quase sempre limitativo, mas por vezes é necessário fazê-lo. Se tivessem de explicar o tipo de som que fazem, como o descreveriam?
Verbian – Entendemos a dificuldade em rotular música, mas se tivéssemos de descrever o nosso som, de uma forma geral, diríamos que é uma fusão de post-metal instrumental com elementos de rock progressivo e nuances psicadélicas.
Mas, isso nunca nos impediu de explorar outras linguagens. Procuramos criar paisagens sonoras que envolvam e desafiem o ouvinte.
Irreversível – O que é irreversível?
Verbian – Para nós, o tempo é irreversível.
Cada momento vivido, cada nota tocada, são instantes únicos que não podem ser replicados. Essa consciência da irreversibilidade do tempo inspira-nos a criar música que capture a essência do presente, sabendo que cada performance é singular e efémera.
Por outras palavras, irreversível é cada concerto que damos – para o bem e para o mal! (risos)

Informações do evento:
📆Data:
21 de Março de 2025
21H
📍Local:
IODO – Rua Justino Teixeira 601 9A, Porto
🎟️Bilhetes à porta
6€
*foto de capa: Verbian © João Torres Neves