No Hard Club, The Young Gods mostraram que a intensidade pode ter diferentes formas e ainda assim continuar avassaladora.

Fiquei preso nas filas, desde as do trânsito às da entrada no Hard Club. Perdi a primeira banda, Decline and Fall, ironia do nome incluída. O tempo é o mesmo, mas corre cada vez mais depressa.

Os The Young Gods surgiram, numa casa que estaria esgotada ou perto disso, mais tribais, mais industriais, se é que isso ainda é possível, com outro ritmo. Mais embalo do que força bruta. Uma intensidade que não se mede em saltos ou volume, mas que se infiltra devagar, se instala, faz-se sentir por dentro, uma energia que prende sem se ver, que leva sem empurrar. Será fruto dos tempos, ou do passar do tempo?

A intensidade pode ter diferentes formas, e essa não estava nas explosões nem na pressa, e os The Young Gods mostraram-no. Continua avassaladora, mesmo quando quase nada se via de óbvio.

Tocaram poucos clássicos. Para quem, como eu, já os viu várias vezes, foi interessante vê-los evitar o caminho mais fácil. Podiam ter chegado ao Hard Club e descarregado os hinos de sempre, mas escolheram outra via, assentando a actuação no seu último disco de originais “Appear Disappear“. Conseguiram reinventar-se em palco sem deixarem de ser marcadamente The Young Gods. La révolution continua.

Não foi o concerto mais espectacular que vi deles. Nem o mais intenso, nem o que mais me deixou em ruínas. Podiam, nos encores, ter feito o Hard Club desabar, bastava chamarem “Strangel”, “Kissing the Sun” ou “Astronomic”. Não o fizeram. E não foi por isso que deixei de sentir que talvez tenha assistido ao melhor gig de sempre deles.

Mais uma vez, como se fosse a primeira.

The Young Gods | Hard Club 2025 | © Jorge Resende
The Young Gods | Hard Club 2025 | © Jorge Resende
The Young Gods | Hard Club 2025 | © Jorge Resende
The Young Gods | Hard Club 2025 | © Jorge Resende

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Todas as fotos © Jorge Resende

Foto de capa © Irreversível